quinta-feira, 25 de junho de 2015

Loucuras da vida (PARTE III)

Peguei o elevador, eu estava perdida, sem rumo, parecia que era um sonho com cara de pesadelo, eu nem me lembrava para onde estava indo até sair para a calçada, então me lembrei de que havia combinado com o taxista as nove e meia e ainda faltava uma hora, olhei de um lado a outro, peguei meu celular.
-Alô Ju!
-Oi Lice,o que houve esta tudo bem?
-Ju onde você esta?
-Em casa, por quê? O que houve amiga?
-Ju, mudei de ideia eu preciso que você me pegue aqui em casa tudo bem?
-Claro tudo bem.... Mas me diga o que houve, você esta aflita... E o Jack apareceu?
-Ju te conto tudo no caminho, mas preciso que você venha o mais rápido que puder e só me tire daqui!
As lágrimas começaram a descer, vencendo meu medo, minha ansiedade, minhas incertezas, as minhas confusões.
-No caminho amiga aguenta firme- foi a finalização da chamada.
Eu não estava querendo acreditar, eu só queria acordar, eu só queria que tudo ficasse normal de novo, e nesse meio tempo não resisti, como que para ter certeza olhei pra cima na direção da minha janela, e então lá de cima, vi ele me olhando ali embaixo, com uma indecifrável forma pela distancia, abaixei a cabeça, sequei meus olhos respirei fundo e esperei Julia.
Em minutos ela chegou, desceu e com pressa me ajudou a colocar a mala no banco de trás, me ajudou a entrar no carro.
-Me diz Lice, pelo amor de Deus o que houve?
-Me diga você Ju que eu estou acordada, que hoje é sexta-feira e que estamos indo pra Salvador!
-Lice... Hoje é sexta! Estamos indo para Salvador... E sim amiga você esta bem acordada! Agora se não quiser que eu pare o carro no meio da rua e tenha um ataque cardíaco fulminante acho bom você me dizer o que houve.... AGORA!!!!!
Respirei fundo e comecei da única forma possível:
-Ju o Jack, não é Jack é o Alessandro!
-Oi?
-Você ouviu bem amiga, porque sei que problema de audição você não tem!
Ela freou o carro tão bruscamente, que se não fosse o cinto eu teria com certeza ultrapassado o vidro do carro e ido parar no asfalto.
-Eu posso continuar contando desde que você não nos mate no transito!
-Desculpe, mas eu se quer acho que entendi, você quer me dizer que o Alessandro apareceu no seu apartamento, como o tal do Jack?
-Na verdade, pelo que percebi, ele era o Jack o tempo todo! Só não me pergunte detalhes, porque eu não dei tempo para conversa, eu fiquei tão perdida, que tudo que fiz foi sair e dizer que já que ele havia pagado, ele poderia usar o apartamento conforme combinamos, desci te liguei e agora estamos indo...pro aeroporto?
-Sim vou deixar meu carro la, mais pratico- A Julia respondeu no automático presa nos próprios pensamentos.
Segundos depois estávamos as duas presas em nosso silêncio, eu pensava, em como seria, eu pensava em como isso foi possível acontecer, e além do mais se tinha uma coisa em que eu não acreditava era em coincidência.
A Julia pensava a mesma coisa.
No aeroporto nos dirigimos ao check-in ,depois fomos rumo a um café, nos sentamos, a Julia levantou pegou dois cafés, e trouxe até a mesa, sentou na minha frente:
-Amiga não sei o que te dizer, isso tudo esta muito confuso, será que não seria o ideal você cancelar a locação, sei lá...
-Ju, eu não sei o que fazer, nem o que pensar,isso da forma que aconteceu é um mistério, como esse cara me achou, como ele sabia que aquele anuncio era o meu? São tantas perguntas sem resposta, eu estou confusa, vim querendo ficar, eu não sei o que pensar...
-Ele ficou la assim de ‘’boa’’?
-Ele viu que fiquei em choque, ele sabia que eu ia ficar em choque, ele propôs me explicar, naquele momento ou quando eu achasse melhor,fui eu quem não deixou ele falar nada, tudo o que sei, até onde entendi foi o que te disse, o Jack não existe, era ele o tempo todo. Ele me disse antes de eu sair que estaria com o mesmo e-mail caso quisesse entrar em contato, esclarecer algumas coisas.
-Bem! Tem isso de positivo, porque eu acho que você tem que esclarecer essa historia Lice!
-Eu sei, eu preciso saber como tudo isso foi possível, mas eu preciso de um tempo...Você precisa ver Ju...ele esta tão lindo, a mesma beleza, mas mais maduro, eu o abracei, e  senti o cheiro dele como se  nunca tivesse deixado de sentir aquele cheiro por esses anos todos!
-E foi só abraço?
-Só ... Foi um único, por impulso eu não sabia o que fazer, quando vi eu já havia me jogado nos braços dele, foi só um instante até recuperar o fôlego e perceber que eu precisava sair de lá.
-Nossa amiga, se contar ninguém acredita, agora estamos aqui rumo a Salvador, acho que o tempo é o melhor remédio pra colocar as coisas em ordem!
Assim enquanto aguardávamos nosso voo, fiquei ali com olhar em algum lugar, a cabeça em outro, e o coração em outro, e a Julia sabia que a melhor ajuda dela seria por enquanto o silêncio.
Durante o voo conversamos, sobre outras coisas, mas minha cabeça estava la na minha casa, no Lê, usando minhas coisas, morando por alguns dias na minha casa.

‘’NA VISÃO DE ALESSANDRO’’ (PARTE I)

Eu sabia que tudo podia dar errado, mas eu não tinha nada a perder, alias eu já havia perdido a Lice há muitos anos, quando optei pela minha mudança, então não custava tentar ,com um pouco de sorte eu conseguiria ao menos pedir desculpas, dizer que eu sentia muito, e que ainda a amava muito.
Quando começou a surgir essas redes sociais em que se é possível encontrar gente de todas as épocas de nossa vida, confesso que depois de uma busca incessante por algo da Lice, um facebook, um twitter, desisti, porque eu já devia saber que isso não era o perfil dela, que sempre foi uma pessoa reservada, mas isso não impedia que ela ficasse em evidencia nas redes de alguns amigos e parentes, e foi em uma dessas andanças que eu vi a foto do ultimo réveillon, ela estava linda, como sempre foi, mas havia uma beleza ainda mais linda se é que isso é possível a ela.Depois disso, nas minhas horas vagas eu passava boa parte do meu tempo buscando novas fotos, tentando identificar através dos outros o que ela fazia, se estava casada, até que um dia resolvi entrar em contato com uma pessoa do circulo dela, assim, como que sem querer, e entre uma conversa e outra eu soube muitas coisas sobre a Lice, soube que ela era formada em comércio exterior, que trabalhava em multinacional na cidade, morava sozinha, era bem sucedida, e o melhor não havia casado.
A pessoa em questão, conhecia nossa historia, sabia de muitas coisas, e sabia o que eu sinto, essa pessoa me ajudou com a historia da locação, me passando algumas informações importantes, eu só precisei usar o perfil do meu amigo Jack de algumas locações anteriores para que tudo desse certo até aqui, até hoje quando ela abriu a porta para mim!
Eu fiquei em êxtase ao vê-la, ali na minha frente, eu queria abraça-la e beija-la naquele momento, mas eu sabia que eu precisava ir com calma, devagar, que eu não poderia desperdiçar aquela chance, e sabia que ali naquele momento mesmo muito perto ela estaria absolutamente muito longe, muitos corações de distancia de mim.
Quando ela saiu pela porta, pensei que foi tudo em vão, e que ela não voltaria nem no prazo combinado, afim de não me encontrar por aqui, fui até a janela, e olhei ela la embaixo esperando por uma moça que veio busca-la, eu tenho tanta coisa para dizer, mas naquele momento eu tive tanta necessidade de apenas respeitar ela, aquele distanciamento tão necessário de novo.
Ao olhar ao redor pude perceber o quanto aquele apartamento tinha a cara da Lice, tudo tão meigo e delicado, de repente vi a mesa arrumada, me aproximei, então vi um bolo, com prato e talher, um arranjo de flores frescas e um bilhete que abri:
‘’Jack, aqui esta uma prova de como a culinária brasileira é mesmo muito boa, este bolo foi minha mãe quem fez uma especialidade dela, espero que goste.
Se quiser uma dica o saboreie com uma xícara de café, você não vai se arrepender.
Clarice’’
Pensei, já que estou aqui, vou aproveitar para me aproximar dela, mesmo que seja através das coisas delas, fui para o corredor, vi duas portas entreabertas, e uma fechada que era a primeira do corredor, tentei a maçaneta, mas estava trancada, deduzi que era o quarto dela, que havíamos combinado em nossas conversas que ficaria trancado, cheguei meu nariz bem no canto, no vão mínimo e inspirei fundo e posso garantir sem muita dificuldade que foi possível sentir o cheiro dela ali, o cheiro que eu nunca havia me esquecido.
Alias naquele momento, percebi como tudo cheirava a ela e me deliciei com aquele momento, e se aquele cheiro era o mais próximo dela que eu conseguiria chegar, eu iria aproveitar aquele momento.
Fui para a outra porta aberta, um pequeno banheiro, com tudo delicadamente  arrumado, com uma vaso de pequenas flores, só podia mesmo ser coisa da Lice, e ai fui para a outra porta, no canto um criado mudo com uma cesta cheia de chocolates, e mais um bilhete.
‘’Jack ,espero que goste tanto de chocolates como eu, nesta cesta coloquei os melhores que temos aqui, e são os que mais gosto, espero que também aprecie.
Clarice’’
Como ela era caprichosa, confesso que mesmo com tantos mimos, isso não foi surpresa para mim, vindo de uma pessoa como ela, todas essas cortesias faziam parte da Clarice, do que ela era como pessoa, alguém sempre disposta a ajudar, fisicamente ela havia mudado um pouco, mas interiormente ela continua sendo o mesmo doce de pessoa.
Peguei minha mala, tirei de dentro meu notebook, na mesa de centro tinha um papel, com as informações de senha de internet entre outras coisas, conectei dei um enviar receber na minha caixa de mensagem, enquanto isso,  fui até a geladeira.

Deparei-me com umas 20 cervejas, porções de frios, queijo fresco, e outras coisas, tão bem arrumadas. Peguei uma cerveja qualquer, voltei para meus e-mails, queria saber se meu cúmplice tinha alguma novidade a respeito.

Um comentário:

  1. Oi, querida!
    Agradeço sua visitinha e pergunta. Estive uns dias ausente da net para descansar, apenas.
    Seu conto, k mais parece realidade, está o máximo. Adorei a linguagem tão natural e o enredo. Que versões tão diferentes! O coração não obedece mesmo.

    Beijos e bom fim de semana.

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